Alunos indígenas ensinam crianças nas aldeias de Guaíra
Indígenas formados em Pedagogia no polo do UniCV de Guaíra transformam realidade do ensino de crianças nas aldeias. O polo de Ensino à Distância (EAD) do C...
Indígenas formados em Pedagogia no polo do UniCV de Guaíra transformam realidade do ensino de crianças nas aldeias. O polo de Ensino à Distância (EAD) do Centro Universitário Cidade Canção (UniCV) de Guaíra atende cerca de 30 indígenas na graduação de Pedagogia, a maioria proveniente da aldeia Tekoha Marangatu, onde vivem mais de 500 guaranis. Desde o início do curso, esses estudantes têm a oportunidade de lecionar nas escolas indígenas locais, graças ao Processo Seletivo Simplificado da Secretaria de Estado da Educação do Paraná. Segundo a diretora de Extensão do UniCV, Luzia Deliberador, que fez uma visita recente às aldeias, os alunos estão conseguindo transformar a realidade do ensino de crianças sem interferir na cultura indígena. “As crianças guaranis se sentem muito mais à vontade estudando nas aldeias do que nas escolas, com outras crianças brancas. A formação superior está preparando professores indígenas que lecionam em escolas itinerantes dentro das aldeias”, contou. Desde 2012, a Lei de Cotas nº 12.711 possibilita o acesso de indígenas às universidades públicas brasileiras por meio da reserva de vagas, mas poucos conseguem acesso. De acordo com o Censo da Educação Superior de 2018, em torno de 0,68% apenas, dos aproximadamente 890 mil indígenas no país, estavam no ensino superior naquele ano. Para suprir a necessidade de vagas públicas para essa população, a Educação a Distância tem desempenhado um papel fundamental, chegando às aldeias indígenas e fazendo a diferença na vida dessas pessoas. Paulo Martins é um desses professores, já concluiu Pedagogia e está cursando Educação Física. Ele afirmou, orgulhoso, que quer deixar este exemplo para as crianças guaranis. Paulo e a esposa Lili Celeste, viram o sonho se concretizar ao visitar o campus do UniCV de Maringá, no final do ano passado. Ele compartilhou sua jornada, marcada por dificuldades para buscar a educação e explicou que não teve a oportunidade de estudar na infância, só concluiu o Ensino Fundamental e Médio após os trinta anos. Sua entrada na universidade foi possível graças ao ensino a distância oferecido pelo UniCV em Guaíra, uma cidade com pouco mais de 33 mil habitantes e uma concentração de oito aldeias, totalizando uma população aproximada de 7 mil indígenas. “Fazer uma universidade representa uma chance de melhoria na vida para mim, minha família e para todo o nosso povo”, afirmou. A esposa dele, Lili, acrescentou que o desejo de estudar é motivado pela busca de um futuro melhor para os mais jovens, expressando a aspiração de que “eles sejam mais do que nós”. Com a experiência na formação desses alunos, o UniCV pretende incluir em alguns cursos, como o de Pedagogia, disciplinas optativas sobre a cultura indígena, permitindo também que mais pessoas tenham acesso a esses ensinamentos.